29 junho 2011

Os Segredos do Apocalipse (Ap 1.1-3)



Objetivo do estudo: Desenvolver confiança para enfrentar o mal que ameaça a Igreja, na certeza da vitória final em Jesus.

O estudo numa frase:

O Apocalipse é um Livro difícil com uma mensagem muito simples: todo o mal que pode vir contra a Igreja jamais a vencerá, pois Cristo está do lado dela.

Panorama bíblico:

1.1-3: Esse prólogo ajuda a orientar os leitores quanto ao conteúdo que eles esperam encontrar no Livro. É dada ênfase à autoridade divina da mensagem (de Deus e Jesus Cristo), Sua infalibilidade (observe a palavra “devem” no v.1) e sua relevância crucial (v.3). Deus investe profundamente no processo de comunicação: a mensagem tem origem em Deus o Pai, é entregue a Jesus Cristo e revelada a João por meio de um anjo (v.1). João testemunha escrevendo a mensagem (v.2) e todos são encorajados a ler e a ouvir (v.3).

INTRODUÇÃO

O Apocalipse é um Livro tipicamente Cristocêntrico, pois apresenta a vitória final de Cristo sobre os inimigos e a conseqüente vitória dos cristãos. A leitura do Apocalipse deve invadir os nossos corações e trazer-nos esperança.

Apocalipse tem sido sinônimo de mistérios. Todo o simbolismo de seu estilo literário tem feito com que esse Livro seja um dos mais mal entendidos de todos os tempos.Apocalipse significa revelação, mas ao contrário do que esse título sugere, geralmente as pessoas têm a impressão de que ele esconde mais do que revela. Talvez, o maior problema com o Apocalipse é que muitos se aproximam dele desejosos em descobrir as coisas que acontecerão no futuro, como se lendo o Livro alguém pudesse saber detalhes das últimas coisas. Mas o Apocalipse não foi escrito para satisfazer a curiosidade sobre os detalhes do curso dos eventos futuros, e sim para preparar e encorajar um grupo de igrejas que estavam em face de enfrentar dificuldades que testariam a fé até o limite máximo. O Apocalipse não é um Livro apenas para o futuro. Ele foi muito útil para a Igreja do 1º século e continua útil para a Igreja do século 21, quer a consumação de todas as coisas esteja perto ou não.

I – A LITERATURA APOCALÍPTICA

“O símbolo está relacionado com algo que ultrapassa o seu valor intrínseco, tendo como caráter intencional apontar para além de si mesmo. Ele é um veículo de comunicação que ajuda a romper as barreiras lingüísticas, permitindo a identificação sem o uso necessário de palavras”.

É impossível entender o Apocalipse sem considerar as peculiaridades de seu gênero literário. Ele não é uma carta, não é um sermão e, de certo modo, nem é uma profecia. É um “apocalipse”. É uma literatura que se caracteriza pelo uso de símbolos como cores, texturas, figuras de dragões, anjos, demônios, cidades etc., que não devem ser interpretados literalmente. A tentativa da literatura apocalíptica é pintar um quadro da realidade por meio de figuras. O estilo apocalíptico, embora possa ser chamado de profético (Ap 1.3), pertence a uma espécie de desenvolvimento do profetismo, numa época em que os profetas já não estavam mais em atuação em Israel. 

Depois dos profetas pós-exílicos, a profecia cessou em Judá, e nenhuma voz autorizada podia revelar aos homens os desígnios de Deus. Desde o exílio, Judá nunca mais foi independente das potências estrangeiras, passando sucessivamente pela dominação de vários impérios. A dura realidade do povo parecia negar a glória predita pelas profecias messiânicas. Nos dias de Antíoco (168 a.C.), os judeus foram proibidos de realizar seus cultos e enfrentaram grandes perseguições. Assim, o estilo de literatura chamado de “apocalíptico” geralmente surgiu em momento de grandes dificuldades para o povo de Deus. O maior objetivo dos apocalipses foi explicar por que o justo sofre e por que o Reino de Deus estava demorando tanto a se estabelecer.

João viu imagens com significados que são explicados durante o Livro. O Livro é para ser lido nas igrejas, então, ele tem uma série de recursos auditivos que ajudam a mensagem a ser mais bem entendida. Apocalipse de João foi escrito por ele mesmo e fala das coisas do presente e não apenas de eventos futuros.

II – A INTERPRETAÇÃO LIVRO

Os principais métodos de interpretação são:
1 – Preterista: vê os eventos descritos em símbolos como coisas que dizem respeito apenas ao 1º século, e que encontram total cumprimento naquela época.

2 – Histórico: vê no Apocalipse uma profecia da história da Igreja entre a primeira e a segunda vinda de Jesus.

3 – Idealista: vê no Apocalipse princípios de interpretação do mundo e da sociedade, bem como do modo como Deus age, e que podem ser aplicados a todas as épocas.

4 – Futurista: vê no Apocalipse uma predição de eventos puramente futuristas.

É difícil escolher uma das opções, e o melhor, talvez, seja uma mescla dessas idéias. E também podemos dizer que ele contém princípios para interpretação da existência humana e do modo como Deus dirige a história em todas as épocas.

Uma interpretação possível de Apocalipse é a que vê o Livro como escrito em ciclos. Essa é a teoria da recapitulação que é defendida por diversos autores de diversas formas. Hendriksen defende a idéia de que há sete recapitulações, ou seja, sete seções paralelas que descrevem a dispensação cristã inteira, ou o período desde a primeira até a segunda vinda de Cristo e a consumação de todas as coisas. Não seria, portanto, um Livro que deve ser lido como se descrevesse eventos sucessivos. Muitos eventos são repetidos, mas com detalhes novos acrescentados a cada nova seção. É a mesma história contada sete vezes, mas, a cada nova vez, novos detalhes são acrescentados, sendo que somente quando ela é contada pela sétima vez, o quebra-cabeça se completa. A divisão que Hendriksen propõe é a seguinte:
1ª Seção: “Cristo no meio dos sete candeeiros” (Ap 1 – 3).

2ª Seção: “A Visão do céu e dos Sete Selos” (Ap 4.1 – 7.17).

3ª Seção: “As Sete Trombetas” (Ap 8 – 11).

4ª Seção: “O Dragão Perseguidor” (Ap 12.2 – 14.20).

5ª Seção: “As Sete Taças” (Ap 15.1 – 16.21).

6ª Seção: “A queda da Babilônia” (Ap 17.1 – 19.21).

7ª Seção: “A Grande Consumação” (Ap 20.1 – 22.21). 


Embora o modo como alguém intitule essas divisões seja adaptável, parece realmente que elas formam unidades de pensamento e de eventos. Se elas forem consideradas apenas da perspectiva sucessiva, será impossível distinguir entre eventos.




III – A SIMBOLOGIA DO APOCALIPSE


“A linguagem simbólica é uma língua em que o mundo exterior é um símbolo do mundo interior, um símbolo de nossas almas e de nossas mentes”. 

O elemento que mais se destaca no Apocalipse de João é sua simbologia. João descreveu apenas aquilo que ele próprio viu (Ap 1.11). Ainda assim, ao relatar a visão, João transmitiu todo um universo de símbolos e imagens que trazem uma mensagem viva. É importante entender que João descreve imagens a partir da realidade. O Apocalipse só faz sentido para quem conhece o Antigo Testamento. Por exemplo, João identifica o Dragão como a antiga serpente, que se chama Diabo e Satanás (Ap 12.9). Aqui o conhecimento de Gênesis 3 é pressuposto. Uma das últimas descrições da nova criação está no capítulo 22 que descreve a “Árvore da Vida”, e diz que “Nunca mais haverá qualquer maldição” (Ap 22.1-3). Aqui também o pano de fundo são os primeiros capítulos do Gênesis que descrevem a Árvore da Vida no Jardim do Éden e a maldição de Deus dirigida à terra por causa do pecado do homem (Gn 3.17). Ele ainda reflete porções do Êxodo, de Isaías, de Ezequiel, de Daniel etc. Também lida com questões comuns de seus dias, quando faz referência à vinda dos reis do Oriente (Ap 17.8), o que era um temor sempre presente no Império Romano, que via no Oriente uma ameaça não conquistada.

João usou diversos recursos simbólicos para transmitir sua mensagem, e estes símbolos precisam ser interpretados contextualmente. Por exemplo, as referências à natureza, freqüentemente apontam para coisas além da natureza, não sendo descrições literais. O uso de nomes segue um processo semelhante, sendo que o nome deve ser identificado com o significado primordial da vida do referido personagem. Falar em Abraão é apontar para fé. Citar Moisés é trazer à memória a Lei. Destacar Elias é falar sobre profecia. O Apocalipse descreve nomes que ilustram: fidelidade (Antipas: 2.13), engano (Balaão: 2.14), sedução (Jezabel: 2.20), imoralidade (Sodoma: 11.8) etc. Os números também têm grande destaque na simbologia de João. O principal deles é o número sete que representa perfeição. Também se destacam o quatro, o dez, o doze, todos indicando aspectos específicos, porém, eles são simbólicos em si mesmos, ou seja, não são coisas para se buscar constantemente o significado literal, antes visam criar um efeito mental. Também há muitas cores, destacando-se o branco e o vermelho, sendo que o primeiro aponta para pureza e o segundo para o pecado. Muitas criaturas também são citadas, como cavalos, aves, bois, escorpião, águia, gafanhotos, e até criaturas míticas como o dragão. Todas essas imagens transmitem significados individuais, mas é um erro se deter em cada uma delas tentando esgotar o significado. A mente hebraica não procurava ver as coisas dessa forma, antes procurava, através do todo, comunicar a mensagem.IV – OS PRINCIPAIS ENSINAMENTOS
Apesar de ser um Livro de estilo inteiramente diferente dos demais Livros do Novo Testamento, o Apocalipse não deixa de ser um Livro teológico. Há teologia no todo e nos detalhes.

A – A Soberania de Deus

“O grande poder de Deus significa fundamentalmente que, no final das contas, os tiranos desse mundo não têm poder”.
Deus se apresenta no Apocalipse como o soberano criador e mantenedor do Universo. Roma governa o mundo dos homens, mas Deus governa o universo e, nesse sentido, governa até mesmo Roma. É possível que aqui esteja o grande propósito da obra, pois os cristãos sofriam debaixo das perseguições romanas e não viam Seu Cristo reinar sobre os homens. Quando João foi chamado para contemplar as coisas no céu, pôde ver que o verdadeiro governador do mundo não era César, mas Deus criador (Ap 4). Do trono, Deus ordena eventos que afetam a terra.

B – O Cristo Senhor e Salvador


De imenso destaque é a figura de Cristo como o Redentor e Supremo governador do Universo. João O viu como um leão (Ap 5.5) e como um cordeiro (Ap 5.6). Ele conquistou o direito de governar por causa de Sua obra redentora.

Graças ao Seu sacrifício, o Cordeiro adquire o direito de abrir o livro dos supremos decretos de Deus para a criação (Ap 5 – 6). Ele executará uma a uma as etapas do plano de Deus para o mundo e, no final, virá pessoalmente para consumar o Reino de Deus (Ap 19), triunfando definitivamente sobre os inimigos visíveis e invisíveis.

C – A situação dos mortos

Um importante tema de Apocalipse é a situação dos mortos em Cristo, ou seja, os mártires. Muitos cristãos estavam morrendo naqueles dias por causa da brutal perseguição romana. Uma inquietação tomava conta dos vivos, pensando no que teria acontecido aos seus irmãos mortos, e o que poderia acontecer com eles também caso tivessem que virar mártires. João descreve os mortos como estando na presença de Deus, vestidos de vestiduras brancas (Ap 6.9-11), reinando sobre tronos (Ap 20.3), aguardando a consumação dos planos de Deus para o mundo, num estado de bem-aventurança (Ap 14.13).

D – Seres angelicais

“A Escritura refere que eles montam guarda pela nossa segurança, assumem a nossa defesa, dirigem os nossos caminhos, exercem solicitude para que não nos aconteça algo de adverso”. 

Nenhum outro Livro da Bíblia tem tantas referências a anjos. Quase todos os eventos são mediados por eles (Ap 1.1; 5.2; 7.2). Eles são os agentes de sucessivos julgamentos de Deus sobre o mundo e sobre os homens maus (Ap 8.9). São aqueles que guardam os servos de Deus para não serem atingidos pelas pragas de Deus (Ap 7.2-4). O objetivo é demonstrar que os crentes não estão sozinhos em sua luta contra o mal. Um exército numerosíssimo está ao seu lado, agindo ininterruptamente para consumar os propósitos de Deus em favor de Seu povo.

E – As forças do mal

São os verdadeiros inimigos do povo de Deus. São essas forças que estão por detrás de todas as perseguições impostas pelos homens. O chefe dessas forças é o Dragão, também chamado de antiga serpente, ou Satanás. Ele tem um exército de anjos do seu lado, e foi expulso do céu numa batalha com os anjos bons liderados por Miguel, perdendo o direito de acusar as pessoas no céu (Ap 12.1-12). Agora seu campo de atuação é a terra, sendo que ele vem para perseguir a Igreja (Ap 12.13-17). Os dois grandes instrumentos dele são as bestas, que são o poder político e o poder religioso (Ap 13). Desse modo, João faz uma ligação entre o mal visível e o mal invisível.

F – A Igreja gloriosa

João vê a Igreja como uma instituição gloriosa. A função da Igreja é iluminar e Cristo está no meio dela (Ap 1.12-13). Não obstante, há muitas pessoas más e apóstatas que estão dentro dela e que devem se arrepender (Ap 2.5,16; 3.3,19). Os verdadeiros crentes são aqueles que têm seus nomes escritos no Livro da Vida, que foi redigido antes da fundação do mundo (Ap 3.5; 13.8; 17.8; 20.12; 21.27). A Igreja precisa testemunhar de Cristo e agüentar os sofrimentos que o mundo lhe impõe. Entretanto, ela tem uma arma poderosa em suas mãos: a oração (Ap 5.8; 8.3-4).
“Como devemos orar? Devemos orar com solene apreensão da majestade de Deus e profunda convicção da nossa própria indignidade, necessidade e pecados; com corações penitentes, gratos e francos; com entendimento, fé, sinceridade, fervor, amor, e perseverança, esperando Nele com submissão humilde à Sua vontade”. 

G – A rebeldia e punição dos ímpios

O Apocalipse descreve a rebeldia dos ímpios e sua conseqüente justa punição. Apesar de todas as atividades julgadoras de Deus, João descreve os ímpios como empedernidos e sem arrependimento (Ap 9.20; 16.11). A condenação final deles é o Lago de Fogo, para onde vão todas as forças do mal, incluindo demônios e homens ímpios, que sofrerão eternamente por seus atos maus (Ap 20.10).

H – A alegria dos justos

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam” (I Co 2.9).

Em contrapartida, a alegria dos justos será indizível. Todas as delícias possíveis estão descritas na Nova Jerusalém. A recompensa dos justos inclui acesso à Árvore da Vida (Ap 2.7; 22.2) e à fonte da Água da Vida (Ap 21.6; 22.1), a inexistência de lágrimas, morte, luto, dor e maldição (Ap 21.4; 22.3). O supremo benefício será servir a Deus e contemplar a Sua face, sendo eternamente iluminados por Deus, reinando pelos séculos dos séculos (Ap 22.3-5).

CONCLUSÃO


O Apocalipse é um Livro de extrema relevância para a Igreja em todas as épocas. Apesar de refletir mais diretamente a situação da Igreja primitiva perseguida pelo império Romano, ele fala sobre a situação da Igreja em todos os tempos, demonstrando a maneira como Deus, soberanamente, dirige a história e cuida de Seu povo.
Poucos livros têm uma mensagem tão confortadora para uma igreja perseguida. Nós que vivemos em tempos não tanto de perseguições, porém mais de heresias e apostasias, também podemos encontrar conforto, pois o Senhor está atento a tudo, e logo demonstrará Sua misericórdia sobre o povo fiel.

APLICAÇÃO

Que evidências existem de que não colocamos aqui o nosso coração, mas esperamos uma vitória final?

É interessante buscar informações sobre a Igreja perseguida em nossos dias em vários países. Podemos pesquisar para maiores dados em Missão Portas Abertas (www.portasabertas.org.br).

(Estudo extraído da unidade: A Nova Aliança – As Cartas Gerais e o Apocalipse – Revista Expressão – Editora Cultura Cristã – Autor: Leandro Antonio de Lima)


Apresentação de Alceu Von Held Amorim

Fonte: http://www.ibsweb.com.br

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